Interessado em financiamento do BNDES para exportar gás de xisto da região de Vaca Muerta, na Argentina, para o Brasil, o presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou nesta segunda-feira que seu país tem "inveja" do banco público brasileiro. "Eu não sei o que acontece no Brasil, mas aqui na Argentina nós só temos inveja do BNDES. É uma ferramenta de crescimento sensacional que soube ser aproveitada durante longos anos", declarou o líder estrangeiro após encontro com o presidente Lula.
Segundo Fernández, ele e Lula têm a mesma visão sobre o papel dos bancos públicos. "Temos que licitar imediatamente a segunda parte do gasoduto para aproveitar a inércia da construção da primeira etapa e tratar rapidamente de chegar a esse ponto de união e transpassar o gás de que o Brasil precisa. E mais quando os dois países estão sofrendo a declinação na produção de gás da Bolívia", disse Fernández. "A decisão de que o BNDES faça financiamentos está nas mãos do Brasil", acrescentou.
A afirmação do presidente Lula vai ao encontro de empréstimos do BNDES anteriores feitos em favor de Cuba e da Venezuela. Empréstimos concedidos pela instituição para a execução de obras nos dois países durante os governos Lula e Dilma atingiram R$ 10,9 bilhões.
Entre 2007 e 2015, durante os governos do PT, Venezuela e Cuba receberam do BNDES R$ 11 bilhões em empréstimos.
Apesar das condições facilitadas, a partir de janeiro de 2018, houve inadimplência nos pagamentos dos dois países, e o banco acabou acionando o seguro do FGE (Fundo de Garantia à Exportação), uma medida para cobrir calotes em operações de empresas nacionais fora do país. A dívida de Cuba e da Venezuela com o BNDES é de cerca de R$ 3,539 bilhões (US$ 682 milhões).
Os contratos de financiamento foram realizados para obras do Estaleiro Astialba, Metrô Caracas/Los Teques, projeto de saneamento e Siderúrgica Nacional.